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Em artigo que escrevi anteriormente para o Blog Envelhecimento para iniciantes, abordei o conceito que, por uma série de fatores, o envelhecimento não acontece da mesma forma para todas as pessoas.
Sabemos que gênero, sexo, orientação sexual, condição física ou sensorial, raça, origem, local de moradia, estilo de vida são fatores determinantes no envelhecimento das pessoas. Daí a preferência, e a necessidade, por utilizarmos o conceito de envelhecimento no plural: envelhecimentos!
Ao reconhecer que há envelhecimentos, assumimos um olhar que molda nossas crenças e práticas na criação do futuro desejado. Esta visão dinâmica e transparente nos leva a ficar mais atentos ao contexto em que as pessoas vivem, é desta grande variável que se extrai as maiores experiências.
Nada mais contemporâneo do que o filósofo espanhol José Ortega y Gasset autor de “Eu sou eu e minha circunstância”. A frase, publicada originalmente em 1914, ficou mais conhecida, digamos, numa versão genérica: “O Homem é o Homem e suas circunstâncias”.
Um dos significados, dos muitos já explorados pela filosofia, é que alguns indivíduos – pelas circunstâncias em que vivem – têm uma existência mais complexa e difícil do que outros e, por consequência, um envelhecimento mais complexo e difícil.
Há exemplos em grande quantidade, mas, nesse artigo, buscarei discutir o envelhecimento das pessoas pertencentes à comunidade LGBTQIA+.
Desde a infância, pessoas que fazem parte desta comunidade são estigmatizadas, rejeitadas, excluídas, discriminadas nas famílias, nas escolas, nos trabalhos, na sociedade durante toda, ou grande parte de, suas vidas. Quase 100% delas relatam experiências traumáticas de violência moral, patrimonial, psicológica e física em eventos durante a adolescência, maturidade e, com mais frequência, na velhice.
Se uma dessas pessoas amealhou patrimônio econômico e financeiro a ponto de torna-la independente na velhice, ótimo!
Do contrário, além de enfrentar as dificuldades naturais do envelhecimento deve, também, enfrentar exigências de familiares preconceituosos que nunca aceitaram e sempre se envergonharam daquele ou daquela que procura ajuda.
Há casos conhecidos em que familiares exigem do idoso, da idosa ou da pessoa que se torna dependente por uma doença, ou mesmo por falta de renda, que ela volte a parecer com quem era antes de assumir a orientação diferente da heterossexualidade. Em outras palavras: – se quiser depender de mim, “volte para o armário”.
Imagine o impacto na saúde mental de um indivíduo que assumiu uma nova condição há tempos, talvez décadas, e agora se vê obrigado a se submeter à vontade de um outro para poder sobreviver. Ele poderá estar rodeado por uma família, mas estará mergulhado na solidão e inferiorizado pelas condições impostas. Enquanto um terá o mais legítimo desejo de não ser, o que se coloca na posição de poderoso negará a possibilidade da existência do outro.
- Já se atinaram que as pessoas se utilizam dos lugares de poder, para ditarem as regras sociais que, necessariamente, não são as melhores para as pessoas individualmente e nem para a sociedade em geral?
- Será que não passa pela cabeça dos poderosos, que tornar as pessoas conformadas – dentro de uma forma – lhes tira a alegria de viver, a espontaneidade, a autonomia de pensamento e a liberdade de ação?
- Para que e por que usar uma lente de ódio para enxergar o outro como ele não é?
- De quem, de fato, é a insatisfação com a sexualidade do outro?
O poder público, organizações não governamentais, negócios de impacto social e a própria sociedade, todos nós enfim, precisamos encontrar meios de mitigar os efeitos do envelhecimento de lésbicas, gays, transexuais, travestis e transgêneros desprotegidos socialmente.
Em primeiro lugar deixando claro que estas pessoas importam para nós. Não basta um passado de perseguição, humilhação e violência impostas por uma sociedade piramidal que tem em seu topo homens brancos heterossexuais?
Não podemos minimizar a capacidade – dos diferentes no geral e dos LGBT em particular – de inspirar, despertar e mostrar sua potência de agir a partir da compreensão do mundo que, por óbvio, é diferente da dos homens brancos heterossexuais.
Ou será que a compreensão humana, a coragem, a esperança, o afeto, a determinação e a capacidade de pensar e praticar os valores morais são atributos somente dos homens brancos heterossexuais?
Já passa da hora de construirmos espaços inclusivos no trabalho e de convivência social onde caibam todos, sem a distinção de idade, gênero, raça, crença religiosa ou condição física ou sensorial, dentre outras.
O fim da discriminação no trabalho e nos espaços públicos torna-se de grande importância se desejamos construir uma sociedade que respeita as diferenças e reconhece que qualquer ser humano é um sujeito de direito simplesmente pelo fato dele existir.
Comente abaixo. Gostaria muito de saber a sua opinião sobre esse assunto, ainda polêmico para muitas pessoas!
Até o próximo artigo.