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No artigo sobre a dinâmica da construção dos preconceitos – Por que temos preconceito? – prometi que voltaria ao assunto para conversarmos sobre o modo de combatê-los.
Aviso desde já que sou daqueles que acredita na impossibilidade de exterminá-los. Não há como declarar o fim dos preconceitos. Seria como extirpar um órgão vital, não substituí-lo e, ainda, desejar continuar a viver. Aniquilar nossos preconceitos seria matar nossa identidade.
No artigo já citado, logo no começo, deixo claro minha opinião sobre a construção dos preconceitos: As pessoas não nascem preconceituosas. Os preconceitos não são naturais. Os preconceitos são culturais. As pessoas se tornaram preconceituosas porque alguém as instruiu com ideias e ações preconceituosas.
Ainda há pouco, considerávamos natural que pessoas mais velhas fossem demitidas das empresas deixando lugar para as novas, com muito mais energia, mais conhecimento técnico e mais disposição para o trabalho.
As pessoas 50+ eram vistas – e, infelizmente, ainda são – como prontas para deixarem seus postos de trabalho e se aposentarem. Porque já estão cansadas, não têm mais motivação para novas tarefas e muito menos vontade de fazer cursos de atualização.
Vejam que algumas expressões usadas no parágrafo anterior remetem à preconceitos dos mais escancarados. Frases feitas e repetidas sem quaisquer críticas transformam-se em verdades eternas e inquestionáveis.
Quem pode afirmar que trabalhadores mais novos têm mais energia, mais conhecimento técnico e mais disposição para o trabalho que pessoas mais velhas?
Não tenham dúvida, pessoas mais velhas também podem ter mais conhecimento técnico que as mais novas, tudo vai depender da formação de cada uma.
Portanto, não há que se criar regras que não se sustentam além de uma frase inventada na tentativa de justificar algo que não se queira declarar.
Com o raciocínio torto que funcionários mais velhos custam mais para as empresas – o que nem sempre é verdade – criaram-se os mitos que, pelo tempo trabalhado, já estão cansadas e que não têm mais motivação para novas tarefas e muito menos vontade de fazer cursos de atualização.
Absurdos criados para fornecer argumentos a favor da demissão daqueles e daquelas que têm os maiores salários.
O que não se raciocina e não se explicita é sobre o tempo gasto para que estas pessoas tivessem a formação de qualidade obtida durante suas carreiras e muito menos sobre os recursos a serem empregados para que os novos colaboradores cheguem ao mesmo nível de conhecimento que os mais velhos quando afastados.
Em inúmeros artigos escritos neste Maturi Blog pude apontar meios de preservar o trabalho, quando não o emprego, das pessoas mais velhas. Foram combates frontais à ideias marcadas pelo preconceito e pela discriminação.
Em Cultura organizacional e preconceito etário trouxe vantagens que os 50+ têm sobre os mais novos quanto às habilidades sociais, como confiabilidade, flexibilidade e lealdade; criatividade; vontade de aprender e habilidades gerenciais.
Reconhecer a Diversidade etária como impulsionadora da inovação nas empresas é compreender a importância que as pessoas 50+ têm a capacidade de entender e reconhecer emoções nos outros tornando mais fácil a percepção do que estão pensando, querendo e na melhor facilitação do diálogo.
Ao divulgar estudo da Fundação Dom Cabral (FDC) apontando 10 profissões do futuro ligadas ao envelhecimento e à longevidade em D&I será assunto prioritário em 2021 contribuímos para a expansão de um olhar mais esperançoso e menos preconceituoso.
E assim vamos alinhavando os vários assuntos relacionados à longevidade e ao envelhecimento que se tornam instrumentos para o combate ao preconceito etário.
As notícias positivas virão com o tempo, com mudanças de como se enxerga, se escuta ou mesmo se fala das pessoas mais velhas. Algumas palavras estão tão desgastadas que perderam seu sentido, perderam seu paladar.
O preconceito em geral e o preconceito etário em particular podem ser combatidos de variadas formas. A essência, no entanto, deverá ser pela reeducação dos sentidos e isso ocorrerá quando nos permitirmos experimentar o mundo como uma criança o faz. Criando novos valores, sem ressentimentos e nem culpas. Só um novo começo.
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