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A leitura de Your Professional Decline Is Coming Sooner Than You Think (algo como, Seu declínio profissional está chegando mais rápido do que pensa) desperta o quanto uma visão sombria de mundo e a sensação de perda não refletem mais a realidade das mulheres que se aproximam ou passaram dos 50.
Hoje, as mulheres 50+ estão mais fortes, mais engajadas em suas carreiras e começando novos negócios. Algumas assumem maiores riscos na busca de maiores impactos. Outras, mais ricas, estão saindo da sombra de suas famílias e tornando-se líderes de novos movimentos.
Esta situação pode ser constatada em 3 pontos:
1 – A visão de Brooks é profundamente influenciada pela vida dentro do mundo corporativo. Por terem sido discriminadas, as líderes – com raras exceções – conseguiram se firmar nas organizações.
2 – O investimento que as mulheres fizeram no networking e nas relações profissionais, no início de suas carreiras, começaram a pagar dividendos. Profissionais acima de 40 anos aprenderam a cultivar redes com amplitude e profundidade, e a utiliza-las com sensibilidade.
3 – O contexto mudou: o movimento #MeToo e uma economia mais empreendedora estão abrindo portas e janelas para as mulheres.
Estes argumentos são apoiados por estatísticas. Nos EUA, nos últimos 20 anos (1997-2017), o número de empresas pertencentes a mulheres cresceu 114% enquanto que a taxa de crescimento total foi de 44%. As empresas pertencentes a mulheres representam agora 39% de todas as empresas, empregam 8% da força de trabalho do setor privado e contribuem com 4,2% das receitas totais.
A idade média dos fundadores das startups é em torno de 45 anos. Como cuidar das crianças, geralmente, faz com que as mulheres passem alguns anos fora de suas carreiras, é seguro apostar que mulheres começam mais velhas empresas e que elas representam uma parcela das startups.
Há também um número crescente de fundos de investimento – pertencentes a mulheres – que procuram e encontram empreendedoras experientes para investir. Existe, de fato, todo um ecossistema de mulheres que alcançaram um certo nível em suas carreiras e que agora estão apoiando outras mulheres de todas as idades, especialmente aquelas mais conhecidas, que tendem a ser mais velhas.
Este quadro descrito não se encaixa na visão de Brooks de um declínio depois dos 50 anos, mas isso pode ser porque o mundo das mulheres profissionais e empreendedoras está crescendo separadamente do mundo corporativo dominado por homens.
O impacto do #MeToo
Os homens raramente discutem como as mulheres foram discriminadas e excluídas nas empresas. Eles se esquivam de conversas sobre este tema e preferem falar de sucesso, dos homens é claro.
Quer uma prova? Numa recente reportagem sobre mulheres empreendedoras de sucesso com mais de 50 anos, duas mereceram ter seus perfis divulgados Sallie Krawcheck e Mary Stuart Masterson.
Krawcheck é um consultora financeira que atende mulheres, cuja empresa apresenta crescimento de dois dígitos mês a mês; Masterson, uma atriz, tem um estúdio e uma produtora em Nova York, a Upriver Studios, com uma pequena equipe e com um interessante e novo modelo de negócio.
Os homens consultados na apuração dos perfis foram, praticamente, unânimes em afirmar que o sucesso obtido por elas era somente barulho na mídia.
Se os perfis fossem de homens as opiniões seriam diferentes. Homens falando de homens num ambiente de negócios, comumente, comentam sobre o sucesso e isto, raramente, é estendido às mulheres. Em outras palavras, as mulheres são discriminadas inclusive nos comentários.
O grande valor do #MeToo foi trazer à luz a amplitude e a natureza sistêmica da discriminação que as mulheres sofrem. Chega a ser incompreensível o porquê tantos homens não percebem isso, ou parecem não se importar com isso.
Na realidade não admitem nem o benefício da dúvida sobre a capacidade e a possibilidade de sucesso das mulheres, enquanto que para outros homens eles apostam num provável sucesso mesmo sem conhecê-los.
O que é observável é que as mulheres estão ficando mais fortes com o avançar da idade. Os músculos desenvolvidos ao longo do caminho, hoje, são utilizados para demonstrar a capacidade empreendedora e realizadora que elas demonstram.