Envelhecendo em 2021

Walter Alves • 13 de fevereiro de 2021

Envelhecendo em um ano atípico: as 2 semanas que antecederam nosso Carnaval virtual – que muitos já chamam de “Carnaval do Sofá” – foram profícuas em notícias sobre diversidade e inclusão voltadas ao envelhecimento e assuntos correlatos como trabalho, educação e comportamento.


Eu que acompanho por dever de ofício e por prazer o noticiário, fico feliz em observar o pipocar de textos, podcasts e posts aqui e ali com conteúdos que valorizam quem está envelhecendo, as experiências e como consequência as pessoas 50+.


Logo no primeiro dia do mês, Barbara Bigarelli no jornal Valor Econômico informou que executivos do alto escalão de empresas transnacionais procuram entender melhor como se posicionar em relação à diversidade. Isto é, definitivamente, novo.


Um assunto que antes tinha como porta de entrada a analista ou o analista de RH, hoje, recebe tratamento prioritário dos C-Level. O tema passou a ser visto como estratégico pelas organizações exigindo, daqueles que a comandam, reflexões sobre as políticas a serem implantadas e praticadas.


Em artigo opinativo no O Estado de S.Paulo Cris Kerr cita pesquisa realizada pela McKinsey no Canadá, América Latina, Reino Unido e Estados Unidos.


Empresas que incentivam a diversidade de gênero e raça tem retorno financeiro 35% acima da média de sua indústria/segmento.


Atribuindo grande responsabilidade à liderança, afirma que “uma empresa realmente diversa e inclusiva tem uma liderança engajada e alinhada com as políticas e planejamento estratégico de diversidade e inclusão. São estas pessoas as responsáveis por, não só disseminarem essa cultura internamente, como também por adotar novas medidas e cobrar mudanças”.


Textos de diferentes autoras e fontes que se conversam atribuindo às lideranças papel de grande importância na definição e adoção de políticas inclusivas nos mais diversos aspectos da diversidade.

a imagem mostra um caminho em um jardim, o caminho, no centro, mostra tijolos com números escritos representando o futuro.

Num dos inúmeros e excelentes podcasts que a Rádio USP veicula, o colunista Luli Radfahrer abordou o preconceito de idade no mercado de tecnologia com a afirmação que “campanhas de marketing propagam ideias que os mercados de tecnologia, beleza, moda entre outros são voltados apenas para pessoas jovens”.


Para o colunista, na tecnologia o problema não é uma suposta dificuldade de compreensão dos mais velhos, mas a falta de desenvolvimento de produtos inclusivos por parte dos fabricantes para quem está envelhecendo: “O problema físico e cognitivo é do fabricante, do desenvolvedor, do sujeito que fez a interface. O indivíduo não tem culpa de ser mais velho”.


Em outras palavras, e como já abordei em outros artigos neste blog, os aplicativos não são desenvolvidos nem para e nem por pessoas mais velhas, o que impossibilita uma boa experiência por parte dos usuários 50+ e o certeiro fracasso do produto no mercado.


Adri Coelho Silva quis fazer uma brincadeira ao publicar em seu blog a possibilidade de um BBB 50+. Depois, trouxe a repercussão para a Vogue BBB 50+: afinal, se há The Voice 60+… por que não? “Era uma brincadeira. Muita gente levou muito a sério.


Deu torcida contra e a favor. Assim, é, afinal o BBB, mesmo o imaginário 50+”. Citou hipotéticos participantes: Regina Casé, Bruna Lombardi, Astrid Fontenele, Rita Lee, Alcione, Zezé Motta, Fernanda Montenegro, Claudia Raia, Vera Holtz, Vera Fischer, Léo Jaime, Ary Fontoura, Leandro Karnal, Luis Felipe Pondé, Mário Cortella, Suzana Vieira, Evandro Mesquita, Glória Pires, Fafá de Belém, Malu Mader e Paula Toller.


Sem dúvida, um ótimo time. Da minha parte, a dúvida é se tantas personalidades marcantes conseguiriam conviver em confinamento por mais de dois dias.


Ainda na área de comportamento, vale uma visita à página com as histórias transcritas por Elisa Soupin e Lucas Seixas e os ensaios fotográficos publicados UOL Universa de mulheres tatuadas. 


Histórias que a pele conta traz lindas fotos e reveladoras histórias. Lindas fotos na minha opinião, pois, li nas redes sociais comentários de 50+ criticando bravamente a exposição destas senhoras, de seus corpos e de suas tattoos.


O combate ao preconceito etário é uma luta sem descanso. Preconceito e a discriminação que, em grande parte dos casos, vêm de pessoas da mesma faixa etária.


Percebo que há mais incômodo com as alegrias, a autonomia e a independência de quem está envelhecendo do que com suas tristezas e desgraças.


Há casos em que há mais mobilização para criticar mulheres que se tatuam do que para demonstrar a não aceitação das mais de 235.000 mortes por Covid-19 no Brasil.


De volta à área de negócios com foco na educação dos 50+, Adriana Fonseca publicou no Valor Econômico matérias com o retrato atual da oferta de cursos na FGV Educação Executiva, ESPM, Trevisan Escola de Negócios e Maturi Academy.


De olho no crescimento populacional da faixa etária dos que estão envelhecendo – segundo projeção do IBGE, em 2034, 15% terá mais de 65 anos e em 2060 atingirá 25,5% de toda a população brasileira -, empresas de educação colocam à disposição cursos voltados para executivos que querem entender o mercado de longevidade e as relações entre marcas e consumidores e também para os próprios maturis.



duas pessoas maduras sentadas em um banco olhando para o horizonte

É o caso da Maturi Academy, a plataforma da Maturi, que oferece cursos on-line, artigos e conteúdos gravados e ao vivo para o público 50+ que busca atualizar-se e capacitar-se profissionalmente.


Mórris Litvak, CEO da Maturi, diz que a plataforma, “com conteúdos gratuitos e pagos, tem hoje 9 mil pessoas cadastradas, sendo que 2 mil já assistiram algum dos cursos, que passam por tecnologia, empreendedorismo, networking, ferramentas digitais, redes sociais, longevidade, validação de ideias, qualidade de vida, finanças e vendas. Também no ano passado, em setembro, a Matury lançou o programa Vem 50+, um curso on-line para quem quer empreender nessa faixa etária. Cerca de 250 pessoas já fizeram o curso”.


Para os vários lados que olharmos, é possível constatar o interesse nos envelhecimentos e nos aspectos em que se relaciona com a economia, com o comportamento das pessoas e também com a formação presente e futura.


A partir da compreensão que a longevidade, e suas consequências, é um tema interseccional, mais e mais empresas o incluem em seus pilares de diversidade, tanto para relacionar-se com seus funcionários quanto para compreender este, ainda incipiente, mercado consumidor.


Este contexto nos permite aproveitar as oportunidades de novos negócios sem, no entanto, perder de vista a responsabilidade de observar quem está envelhecendo com lentes onde não caibam discriminações como a social, de origem, de orientação sexual, de raça, de gênero, de condição física ou sensorial.



Pois, de outro modo, estaremos utilizando a condição natural do envelhecimento como álibi para a discriminação e segregação.


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