A inclusão dos 50+ é mais fácil do que você pensa

Walter Alves • 24 de janeiro de 2020

 Quanto maior o crescimento no número de funcionários com 50 anos ou mais e relatos de discriminação etária contra três dentre quatro trabalhadores, as organizações inteligentes se esforçam para incorporar práticas inclusivas. Aquelas que o fizerem se beneficiarão de um maior número de talentos, maior inovação e menor vulnerabilidade a litígios.


A questão é: como fazer isso?


A boa notícia é que especialistas em diversidade e inclusão, que compreendem as nuances do preconceito etário – consciente ou não – e do trabalho em equipe multigeracional, podem descobrir problemas sistêmicos e propor medidas estratégicas corretivas. Um dos primeiros passos é o treinamento, de acordo com a Dra. Vaneeta Sandhu, especialista em dinâmica intergeracional e inclusão etária.


Nesta entrevista, Dra. Vaneeta Sandhu explica que apesar da complexidade dos vieses, fazer perguntas claras sobre o problema leva a um melhor entendimento e motiva as empresas a responder com mais práticas inclusivas.


Quais os benefícios e as desvantagens de equipes ou organizações etariamente homogêneas?


Como seres humanos, temos vieses de similaridade quando tendemos a preferir pessoas que nos lembram a nós mesmos. Como em qualquer grupo identitário: nos sentimos mais à vontade, podemos achar mais fácil construir confiança e é mais provável que concordem conosco as pessoas na mesma faixa etária que a nossa.

As principais desvantagens são as limitações nas perspectivas e nas ideias compartilhadas.


Por exemplo, a maioria das organizações possui uma base de clientes diversificada; portanto, ter uma força de trabalho diversificada permitirá que entendam melhor seus mercados de clientes. Quando a força de trabalho não é diversificada, pode haver perdas na inovação, pois haverá menos pessoas pensando e opinando a partir de seus próprios pontos de vista.


Qual a relação entre diversidade etária e outras formas de diversidade e de opressão?


Todas as formas de opressão existem para legitimar e sustentar as desigualdades. Se pensarmos na dinâmica do poder, um grupo será beneficiado às custas de outro.


Os grupos privilegiados terão poder sobre os grupos oprimidos. A interseccionalidade é fundamental para entendermos a diversidade etária, pois descobrimos que as mulheres sofrem mais discriminação etária que os homens.


O importante é que todo ser humano envelhecerá, enquanto todo ser humano não experimentará, necessariamente, outra identidade racial, de gênero ou de classe. É isso que torna a diversidade etária única: há uma experiência compartilhada entre todos nós.


Interseccionalidade se tornou um chavão?


As origens do termo acadêmico vêm de uma época (1980) em que mulheres negras e outros grupos marginalizados foram excluídos da onda de feminismo que ocorria naquele tempo.


Seu alcance cresceu desde então, em parte devido ao entendimento que as pessoas podem enfrentar vários tipos de discriminação, dependendo das múltiplas identidades que têm e assumem.


À medida que avançamos em nossa compreensão sobre as identidades, a interseccionalidade reforça que os seres humanos são complexos e influenciados por vários fatores. Fica claro, então, que olhando apenas para uma peça do quebra-cabeça (ou somente para uma identidade), podemos instituir práticas excludentes acidentalmente.


O que as empresas podem fazer agora para tornar seus locais de trabalho mais justos para com as pessoas 50+?


Pequenas mudanças no processo de contratação podem ter grande impacto. O que pode ser feito agora:


  1. Peça a pessoas de várias idades que analisem os anúncios de emprego. Por exemplo, em vez de perguntar sobre anos de experiência, concentre-se nas habilidades e conhecimentos.
  2. Considere a diversidade etária nas fotos no site e nos materiais de marketing.
  3. Tenha diversos painéis de entrevistas.


Por que seria prudente que as empresas começassem já o processo de inclusão etária?


Em termos de negócios, vários estudos demonstram o alto retorno do investimento para uma força de trabalho diversa. O impacto são maiores taxas de retenção e não apenas daqueles que são mais velhos, mas também daqueles que veem como a organização trata os indivíduos mais velhos. Também vemos aumento de produtividade, desempenho e comprometimento geral com a organização.


Muitos afirmam que a cultura corporativa é um “código” para permitir a discriminação contra aquelas pessoas que não se encaixam no molde – incluindo a idade. O que dizer sobre isso?


Quando pensamos sobre o que compõe qualquer cultura – incluindo a cultura corporativa -, concluímos que são as normas, expectativas, valores, crenças, tradições e sistemas que a impulsionam.


O desafio que as empresas enfrentam, e podem aumentar a contratação por mesmice, é que elas não param para perguntar “o que torna a cultura de nossa empresa verdadeiramente única?”



Ao invés de contratar para “adequação à cultura”, as organizações precisam contratar para “adição à cultura” ou para as habilidades, conhecimentos e experiências que ampliarão a equipe de uma maneira que os ajude a atingir seus objetivos. Essas variáveis ​​de adição à cultura permitirão que as empresas especifiquem os valores que têm e os que querem ter, em vez de manterem um termo vago de “cultura”.



Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

11 de fevereiro de 2025
Há cinco anos, comecei a perceber um movimento crescente nas redes sociais: um número expressivo de influenciadores maduros estava se destacando, conquistando audiências engajadas e criando conteúdos autênticos. No entanto, o mercado publicitário ainda os ignorava, concentrando suas atenções quase exclusivamente nos perfis mais jovens. O reconhecimento desse potencial veio de forma natural, através de conversas com esses criadores. Muitos me procuravam dizendo: "Tenho um perfil no Facebook com 200.000 seguidores e quero me expandir nisso. O que devo fazer?" . Ficou evidente para mim que havia um enorme espaço para esses talentos, mas faltava suporte, visibilidade e oportunidades. Foi então que criei o Silver Makers , um hub de marketing de influência totalmente focado em perfis 50+. Nosso propósito sempre foi claro: dar protagonismo aos influenciadores maduros e mostrar ao mercado o imenso valor desse público. Nosso lema reflete essa missão: dar voz, vez e valor ao público sênior! De lá para cá, houve uma verdadeira revolução digital impulsionada por essa nova geração de influenciadores. Com autenticidade, experiência de vida e um olhar único sobre o mundo, eles estão conquistando espaço, quebrando estereótipos e provando que longevidade e tecnologia caminham juntas. A Força dos Influenciadores Maduros no Digital Muito além do entretenimento, as redes sociais se tornaram uma ferramenta essencial para a longevidade ativa. Elas ajudam a combater a solidão, fortalecem a autoestima e possibilitam a construção de novos propósitos. Para muitos, ser influenciador não é apenas um hobby, mas uma profissão que permite compartilhar conhecimento, histórias inspiradoras e ainda gerar renda extra. Com o aumento da expectativa de vida e os desafios financeiros que acompanham a maturidade, a monetização digital se apresenta como uma alternativa viável e necessária. Plataformas como Instagram, YouTube e TikTok permitem que influenciadores maduros criem comunidades engajadas e colaborem com marcas que reconhecem o valor de suas trajetórias. O Que Faz um Influenciador Maduro se Destacar? Os influenciadores 50+ trazem consigo algo inestimável: experiência de vida. Eles passaram por desafios pessoais e profissionais, acompanharam diversas transformações sociais e culturais e, por isso, têm muito a compartilhar. Esse repertório torna seus conteúdos autênticos e valiosos para diversas audiências, desde outros maduros em busca de representatividade até jovens que enxergam neles mentores naturais. Tendências de Conteúdos que Performam Bem Os influenciadores maduros estão se destacando em diversos segmentos, trazendo autenticidade, representatividade e quebrando estereótipos. Alguns formatos de conteúdo que têm grande engajamento incluem: ● Bem-estar e saúde: Rotinas saudáveis, alimentação equilibrada, exercícios físicos adaptados e cuidados com a mente. ● Finanças na maturidade: Estratégias para administrar recursos, organizar a aposentadoria e buscar novas fontes de renda. ● Empreendedorismo e reinvenção profissional: Histórias inspiradoras de quem mudou de carreira ou começou um novo projeto depois dos 50. ● Entretenimento e estilo de vida: Viagens, moda, comportamento e cotidiano, mostrando que a maturidade é uma fase vibrante e cheia de possibilidades. ● Tecnologia e inclusão digital: Criadores que desmistificam a tecnologia, ajudando a reduzir a exclusão digital e incentivando o aprendizado contínuo. ● Celebridades 50+ e o combate ao etarismo: Figuras públicas que usam suas redes sociais para desafiar estereótipos e mostrar uma longevidade ativa e atuante. ● Mulheres e os desafios da maturidade: Cada vez mais influenciadoras falam abertamente sobre temas como menopausa, ajudando sua audiência a lidar melhor com questões antes consideradas tabu. ● Gastronomia afetiva: Perfis de talentos culinários que ensinam receitas deliciosas e resgatam a memória afetiva por meio da comida. ● Conexão intergeracional: Netos que compartilham momentos divertidos com seus avós, valorizando a experiência e a sabedoria da longevidade. Independentemente do nicho, todos esses criadores têm algo em comum: valorizam a maturidade e combatem a visão ultrapassada de uma longevidade frágil e limitada. Eles mostram, na prática, que viver mais também significa viver melhor, com propósito e protagonismo. O Papel das Marcas na Valorização da Experiência As marcas que reconhecem o valor da experiência colhem os frutos de uma comunicação mais autêntica e conectada com um público que tem muito a dizer. O Banco Mercantil tem sido um dos protagonistas desse movimento, investindo no potencial dos influenciadores digitais 50+, apoiando criadores e descobrindo novos talentos. A presença do Banco nesse cenário reforça a relevância desse público e valoriza o protagonismo dos maduros no digital. Porque, assim como eles, o Banco acredita que a experiência inspira, transforma e gera impacto real. Gostou? Leia também: 4 projetos para o público 50+ apoiados pelo Banco Mercantil! ________________________________________ Clea Klouri Sócia do Hype 60+ e fundadora do Silver Makers
3 de dezembro de 2024
Quando começar a se planejar para aposentadoria? Quanto mais cedo você começar a planejar a sua aposentadoria, maiores serão as chances de alcançar seus objetivos financeiros. Mesmo para quem está próximo da aposentadoria, nunca é tarde para começar a planejar e tomar medidas para melhorar sua situação financeira futura. Qual sua aposentadoria ideal? O primeiro passo é visualizar como você gostaria que fosse sua aposentadoria. Pense em questões como: ● Onde você gostaria de morar? ● Que tipo de atividades gostaria de realizar? ● Quais são seus sonhos e aspirações para essa fase da vida? Essa reflexão ajudará a determinar o montante financeiro necessário para sustentar o estilo de vida desejado. E a partir dela, você conseguirá seguir os próximos passos! Calcule suas necessidades financeiras futuras Com base em sua visão de aposentadoria, é importante fazer uma estimativa realista de suas necessidades financeiras futuras. Considere fatores como: ● custos de moradia; ● alimentação; ● saúde; ● lazer; ● possíveis imprevistos. Lembre-se de levar em conta a inflação ao fazer esses cálculos. Estabeleça metas concretas e mensuráveis Por exemplo, em vez de simplesmente dizer "quero ter uma aposentadoria confortável", estabeleça uma meta como "preciso acumular R$ X até os 65 anos para ter uma renda mensal de R$ Y durante a aposentadoria". Metas específicas são mais fáceis de acompanhar e alcançar. Crie um cronograma realista Desenvolva um cronograma realista para atingir suas metas. Divida seus objetivos em etapas menores e estabeleça prazos para cada uma delas. Isso tornará o processo menos intimidante e permitirá que você acompanhe seu progresso de forma mais eficaz. Revise e ajuste suas metas periodicamente Lembre-se de que o planejamento financeiro para a aposentadoria é um processo dinâmico. À medida que sua vida muda, suas metas também podem precisar de ajustes. Faça revisões periódicas de seus objetivos e ajuste-os conforme necessário para garantir que permaneçam relevantes e alcançáveis. Melhores investimentos para a aposentadoria Existem diversas estratégias e opções de investimento disponíveis, e é importante escolher aquelas que melhor se adequam ao seu perfil e objetivos. Confira algumas dicas: Diversificação: a chave para reduzir riscos Uma das regras de ouro do investimento é a diversificação. Distribuir seus recursos em diferentes tipos de ativos ajuda a reduzir riscos e aumenta as chances de obter retornos consistentes ao longo do tempo. Investimentos de renda fixa Opções de renda fixa oferecem segurança e previsibilidade de retorno, como: ● Títulos do Tesouro Direto ; ● CDBs ; ● LCIs/LCAs. Esses investimentos são especialmente importantes para quem está próximo da aposentadoria ou tem baixa tolerância ao risco. Investimentos em renda variável Ações, fundos de investimento e ETFs têm potencial de retornos mais elevados, embora tenham maior volatilidade. Para quem está longe da aposentadoria, alocar uma parte do dinheiro em renda variável é uma estratégia para buscar crescimento de longo prazo. Previdência privada: PGBL e VGBL Os planos de previdência privada , como PGBL e VGBL, são opções para complementar a aposentadoria. Eles oferecem benefícios fiscais e podem ser uma forma disciplinada de poupar para o futuro. Investimentos imobiliários Investir em imóveis pode ser uma forma de gerar renda passiva para a aposentadoria. Isso pode incluir a compra de imóveis para aluguel ou investimentos em fundos imobiliários. No entanto, é importante considerar os custos e responsabilidades associados a esse tipo de investimento. Por que se preparar? Ao seu aposentar, é esperado que sua renda tenha alterações. Mesmo se aposentando com o teto máximo do INSS, existe a chance de seu benefício ser menor do que você ganhava na ativa. Lembre-se: com um bom planejamento financeiro, você estará preparado para aproveitar ao máximo essa etapa, livre de preocupações financeiras e pronto para realizar seus sonhos e aspirações. Gostou das dicas? Conheça o Blog do Mercantil e acompanhe mais conteúdos sobre finanças na aposentadoria!
Por Contato Maturi 4 de setembro de 2024
Banco Mercantil e MaturiFest 2024: confira como foi o evento!
Share by: