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Inovação transgeracional. Juntar jovens estudantes com profissionais 50+ é uma maneira de descobrir novas ideias e conceitos
Inovar é criar algo novo – método, técnica, objeto ou ideia – que tenha valor a ponto de ser desejado por outras pessoas.
A partir deste conceito simples e, sem muito esforço, é possível compreender que a humanidade inovou desde sempre. Por exemplo quando atualizou técnicas para caçar mamutes ou quando inventou a roda ou quando criou o dinheiro ou quando criou as leis.
A lista de inovações é extensa e pode ser acrescida do telégrafo, telefone, rádio, TV, motor a vapor, motor elétrico, refino do petróleo, motor a combustão interna, locomotiva, carro e, certamente, a internet.
Sobre as técnicas de administração inovadoras citemos as mais famosas ou mais usadas: Pirâmide de Maslow (1954), Análise SWOT (década de 1960), Matriz BCG (1970), As 5 Forças de Porter (1979), Balanced Scorecard (1992) e Business Model Canvas (2004).
De fato, inovação não é um fenômeno recente, mas há diferenças entre a atual e aquelas dos séculos XX, XIX ou anteriores?
Na realidade, as diferenças não estão nas inovações em si, mas na forma com que elas se dão. Hoje, são raramente vistas como obra do acaso e, sim, “como um conjunto estruturado de ações ou operações visando a um resultado e, portanto, a inovação é propensa a ser estimulada, promovida e gerida”, segundo o professor Guilherme Ary Plonski.
Uma das formas de promoção e gestão da inovação é a chamada Open Innovation ou Inovação Aberta, conceito criado (2003) por Henry Chesbrough em seu livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology (Inovação Aberta: Como Criar e Lucrar com Tecnologia) onde afirma que inovação aberta é um paradigma que assume que as organizações podem e devem usar ideias internas e externas, assim como caminhos internos e externos para o mercado.
Mas mesmo antes de Chesbrough dar visibilidade à inovação aberta muitas empresas já trabalhavam com pesquisadores acadêmicos pós-graduados em parcerias estratégicas.
Hoje, no entanto, com o envelhecimento dos veteranos existem outros tipos de recursos estratégicos subvalorizados disponíveis que podem ser aproximados e combinados: jovens que ainda não ingressaram no mercado de trabalho em busca de empregos e aposentados que deixaram as parcerias, e mesmo a empresa.
O conceito tem potencial para impulsionar a capacidade de inovação de organizações em qualquer lugar. Contribui para que as gerações trabalhem juntas de forma sinérgica e produtiva. Vejam alguns fatores responsáveis pelo bom funcionamento do conceito:
Atividades de inovação transgeracional que reúne três gerações – jovens estudantes, funcionários das empresas e aposentados – requer equilíbrio entre esses três grupos.
Deve-se evitar a dominância de profissionais da empresa, o que pode ser alcançado limitando sua presença durante as atividades.
Além disso, a proporção da equipe de jovens versus aposentados precisa de um ajuste fino para se criar uma distribuição ideal de membros que podem fornecer novas ideias e com os que podem principalmente testar as propostas.
Em geral, um impulso de criatividade resulta do encontro com novas pessoas. Os primeiros dias de uma atividade de inovação são os mais criativos e, muitas vezes, durante as primeiras interações, surge uma ideia que nenhum indivíduo teve antes.
Foi observado a importância dos participantes se familiarizarem com as ideias dos outros membros da equipe antes do início das atividades de inovação, do contrário muito tempo é perdido nas atividades em si.
Por outro lado, se o tempo de networking pré-reunião for muito longo, as ideias tendem a se petrificar e a magia criativa do primeiro contato é perdida.
Uma questão crítica nas atividades de inovação transgeracional é de onde virá a grande ideia. A maioria das equipes de inovação baseia seu sucesso num gatilho inspirador que deu início a um fluxo de eventos.
Para equipes que preferem inovar a partir de uma ideia única, a triagem de publicações científicas, blogs, vídeos e resumos de conferências é um excelente ponto de partida para identificar uma descoberta notável, uma surpresa, uma singularidade ou estranheza.
Os próximos passos são fazer mais pesquisas em torno da publicação escolhida, analisar como ela poderia ser explorada para resolver um determinado problema, combiná-la com outras descobertas e adicionar a ideia original da equipe avançando, ou corrigindo-a, para uma ideia nova.
É desejável que mais de uma equipe seja formada para um mesmo objetivo de propor uma inovação transgeracional.
Neste caso, tornam-se importantes as sessões de apresentação do status atual de sua ideia pitch de cada equipe.
Uma excelente forma de todos se manterem informados. Isto normalmente leva a um salto geral na qualidade das apresentações e das ideias. O desejo de competir e superar-se são motivadores vitais.
Paul Lawrence e Nitin Nohria em How Human Nature Shapes Our Choices (em tradução livre: Como a natureza humana molda nossas escolhas), propõem que um funcionário, idealmente, se sente motivado quando alcança:
A possibilidade de “fazer algo bom” é um fortíssimo motivador. É muito gratificante apresentar uma ideia que alivia o sofrimento de pacientes, que combate o câncer ou que tem potencial para acabar com a fome no mundo.
Além disso, a importância de sentir-se e alegre tem se mostrado de importância crítica para a criatividade e até mesmo para o sucesso em geral. Vivenciar a beleza e a diversão são pré-requisitos para um trabalho exitoso.
Por óbvio que o debate sobre inovação transgeracional não se esgota, há muitos outros aspectos a serem explorados e serão em outros posts.
O principal intuito ao escrever este artigo foi o de chamar a atenção para a importância da transgeracionalidade nas atividades de inovação.
Ela tem força para transformar nossas sociedades e servir de modelo para as populações em envelhecimento com o poder de contribuir para a construção de um mundo melhor.
A gestão do conhecimento, geradora da inovação, nos dá pistas, também, para a possibilidade de um ótimo relacionamento entre gerações demonstrando a possibilidade da transposição das barreiras erigidas em nome da diferença de idade entre aquelas e aqueles que trabalham juntos. É o combate ao preconceito e à discriminação etária na prática.
Este post foi elaborado a partir da leitura do artigo de Ulrich A. K. Betz originalmente publicado no Fórum Econômico Mundial. Clique AQ
Assista abaixo um episódio da série Trabalho no Futuro produzido pela Maturi que eu apresento e aborda com profundidade o tema “Transgeracionalidade no Trabalho”: