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Neste artigo, vou abordar o empreendedorismo como mito! O tema, no entanto, não é visto de forma homogênea em todo o mundo.
Brasil e variadas partes do planeta o enxergam sob diferentes pontos de vista por um simples motivo: o olhar, as opiniões e características mudam conforme a cultura local.
Visto de formas diferentes e, em alguns momentos, apresentado como a solução para todas as dificuldades econômicas e sociais para populações empobrecidas ou como forma de estabelecer novas relações com o trabalho – autônomos, freelancers, trabalhadores da economia do conhecimento ou da gig economy, o empreendedorismo transformou-se num mito.
Busquemos o que há em comum nas várias opiniões: o empreendedorismo é um processo de interação social onde cabem variadíssimos olhares e, por consequência, diferentes opiniões, abordagens e inúmeras apostas em prováveis resultados futuros. É um fenômeno social que – ao mesmo tempo – reflete a mentalidade e as características pessoais do empreendedor.
Ser um empreendedor, ou sentir-se um empreendedor, está ligado à pulsão em resolver um problema com o qual a pessoa tem uma conexão pessoal.
O assunto se desdobra quando a discussão passa a ser a amplitude do problema a ser resolvido que pode variar de um alcance estritamente pessoal a uma grande abrangência social. Aqui não há uma situação excludente. Não se é totalmente branco ou exclusivamente preto. Pela experiência sabemos, há variadíssimos tons de cinza.
Uma destas tonalidades são os defensores do empreendedorismo de si mesmo. Estes sustentam que toda pessoa é uma empreendedora de si mesma, mesmo que não tenhamos nascido com essa característica podemos adquiri-la ao longo da vida.
Há quem defenda que esta narrativa não seja universal, atingindo somente àquelas pessoas que se desejam desvinculadas de um projeto coletivo.
Como veem há variados gostos e, consequente, diversas opiniões sobre a mesma iguaria. Os inúmeros lados apresentam razões mais ou menos articuladas a depender da capacidade e habilidade de argumentação.
João Lins, professor da FGV/EAESP e diretor-executivo do FGV in Company, ao discorrer sobre sua pesquisa de doutorado que investigou a visão de carreira dos freelancers, a relação de trabalho deles com as empresas e as características do modelo de trabalho autônomo via plataformas digitais afirmou ao Valor Econômico que “A maioria (60%) dos freelancers do estudo buscam novos desafios, uma carreira diferente, ampliar networking. Querem mais realizações e fatores que disseram não encontrar no mundo corporativo em geral”. Flexibilidade de horário, autonomia, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, aprendizado e possibilidade de crescimento estão entre as principais motivações para os profissionais. Embora 40% escolham a opção de trabalhar por projetos porque perderam o emprego.
Isto poderia ser chamado de empreendedorismo? A jornalista e João Lins não utilizaram as palavras empreendedorismo ou empreendedor sequer uma única vez.
O que nos leva a crer que para ela e ele é possível explicar mudanças de carreira sem dirigir-se para um único ponto de chegada.
Por outro lado temos a outra notícia do mesmo Valor Econômico que das 250.308 novas empresas abertas no país no mês julho de 2020, 99,66% são microempresas. Forçosamente se conclui que uma parcela seja formada por pessoas que se acreditam empreendedoras.
A Folha de S.Paulo, em matéria de 22/8, nos conta que no Brasil entre março – início do isolamento social – e julho, 600 mil trabalhadores se tornaram MEI (Micro Empreendedor Individual), com a conclusão que a crise causada pela pandemia aumentou o número de demissões e empurrou mais brasileiros para o empreendedorismo.
Só no segundo trimestre deste ano, segundo o IBGE, 8,9 milhões de brasileiros perderam o emprego.
Segundo o Sebrae, os empreendedores por necessidade – aqueles que empreendem pela carência imediata de uma fonte de renda – são a maioria dos que buscam qualificação na entidade e que desde o início do isolamento os atendimentos, só no estado de São Paulo, chegam a 15 mil por dia.
Na mesma matéria, há a opinião que o empreendedorismo no Brasil é motivado por vários fatores: mais liberdade e horários flexíveis. Daniel Duque – pesquisador da área de economia aplicada do IBRE/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) – ressalva que “A necessidade é o fator mais comum, especialmente num cenário de pandemia”.
Segundo Duque, o aumento na abertura de MEI pode refletir também o fenômeno da pejotização dos trabalhadores, quando empresas passam a exigir que seus funcionários se tornem prestadores de serviço para evitar arcar com encargos trabalhistas.
A abordagem e o aprofundamento do assunto nos possibilita observar diversas faces e, consequentemente, sua complexidade.
E, como sabemos, para temas complexos não há conclusões fáceis nem padronizáveis.
A observação e análise de resultados que apontem para o sucesso ou fracasso do empreendimento não é determinado por simples causas e consequências enfileiradas em explicações aparentemente lógicas. Os fatores que os determinam são inúmeros.
Às vezes detalhes insignificantes – num dado momento – tornam-se determinantes para o sucesso ou fracasso com o passar do tempo.
Se não é a abrangência da solução de um problema – individual ou coletiva e todas as nuances entre uma e outra; se não é fuga do ambiente corporativo e, também, não é boia de salvamento; mas ao mesmo tempo é uma imposição de algumas empresas para que trabalhadores tornem-se prestadores de serviço e mantenham sua vaga; se ser empreendedor de sucesso ou fracasso não é a medida de sucesso ou fracasso, o que empreendedorismo é então?
Empreendedorismo é mito que tem seus conceitos e práticas na variedade e conformidade do local, contexto histórico e cultura. É subjetividade porque concernente à realização pessoal – onde não há regras e muito menos réguas que a meçam.
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