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A atividade em empresas de recolocação, como ombudsman e consultor, me propicia contatos quase diários com pessoas em busca de uma nova posição no mercado.
Em São Paulo, Rio e Curitiba entrevisto profissionais e de grande parte ouço comentários que tratam da dificuldade que sentem em cumprir a “lição de casa” que recebem de seus consultores: ativar a rede de contatos de forma a coloca-la a serviço de sua recolocação fazendo ver ao mercado sua disponibilidade para trabalhar.
A isso dá-se o pomposo nome de network. A maioria destes profissionais é sincera em afirmar sua dificuldade. Outros, porém, escudam-se na afirmação da inutilidade. “Em meu caso isso é irrelevante… Isto não se aplica a mim… Veja, meu caso é diferente”.
Em verdade o que está por trás é realmente o desconforto que sentimos nessa atividade. Escrevi “sentimos”, pois por certo me incluía nesse rol há bem pouco tempo. Não que esteja totalmente “curado” mas evoluí e, espero, estar a caminho da solução.
Afinal qual a origem dessa dificuldade?
E lá vou eu, pretensioso como de hábito, colocar meu ponto de vista.
É cultural! E digo mais, é coisa de latino, pois europeus e em especial americanos tratam essa rede de contatos com maestria.
Engraçado que nós latinos nos relacionamos de forma mais fácil e próxima de que outros povos e neste aspecto reprimimo-nos.
A sensação é sempre a de estarmos incomodando e invadindo compartimentos. Amigos do clube são amigos do clube. Amigos da cerveja de happy hour devem ser assim tratados. Não se devem misturar assuntos para não sermos vistos como aproveitadores.
O mais estranho é que nos colocamos, a maioria de nós ao menos, à disposição de todos para auxiliar por meio de nossa rede a quem nos peça apoio.
Entendo que a principal barreira é a forma como encaramos esse contato. “Não me sinto bem ligando para amigos pedindo emprego”.
Essa talvez seja a chave do problema e para solução pinço pérolas do treinamento de empresas de recolocação para reforçar a imagem:
O QUE VOCÊ NÃO ESTÁ PEDINDO
O que efetivamente estamos pedindo é a atenção deles, informações, uso de contatos deles que nos permitam dar circulação ao nosso currículo.
Vencer essa barreira será mais fácil com este espírito e, tendo a consciência de que há muitas pessoas tais como um amigo, Phd em Networking, que se define:
“Não sou voluntário para nada, mas estou disponível para muito”.
E destas, sempre podemos esperar apoio e oportunidade.
Para encerrar, conto uma história que criei para demonstrar a uma cliente que este processo também se aplicava a ela, que dizia que sua rede de contatos não era útil naquele momento, pois pretendia mudar totalmente de área. Dizia eu: Toda manhã paro no Leme para um café e um pão de queijo.
Além disso, aproveito a interessante conversa que sempre travo com a proprietária. Jovem senhora muito bem informada. Um dia ela percebe uma certa depressão em mim e questiona-me.
Começo a falar da dificuldade que passo naquele momento em minha carreira e que estou buscando novos horizontes. Falo da dificuldade de recolocar-me apesar de minha vasta experiência profissional e acadêmica em Tecnologia da Informação. Pago o café e sigo rotina.
Na mesma noite a senhora ouve de seu marido a queixa da dificuldade em contratar um profissional experiente em TI para fechar seu quadro em importante empresa multinacional da qual é o principal executivo para a América Latina.
Dia seguinte a rotina de sempre é quebrada, pois ao ver-me a senhora cumprimenta-me, mais alegre que o habitual, e entregando-me um cartão de visitas pede que eu entre em contato com o marido dela, que está recrutando um profissional com meu perfil.
Encurtando a história fui contratado na semana seguinte. Como eu disse a história não é verdadeira, mas por certo é verossímil e exemplifica a abrangência desse canal que responde, em média, por cerca de 65% das recolocações. Ressalte-se que este percentual sobe na proporção em que sobe na escala hierárquica o cargo pretendido.