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Ana Paula Cardozo Geraldini foi escolhida em um processo de seleção às cegas para integrar o time de RH da rede mundial de lojas de cosméticos e começa a atuar como estagiária 50+.
Em um quarto, está Gabriel, 19 anos, iniciando a sua vida profissional como estagiário de uma startup. No outro, Ana Paula Cardozo Geraldini, 55 anos, recomeçando uma nova carreira como estagiária do departamento de RH da rede mundial de lojas de cosméticos Sephora. Mãe e filho compartilham a mesma experiência com alegria e dedicação.
“Casei cedo, tive duas filhas. Aos 37, veio o temporão que, agora, me faz companhia nesta jornada que assumi”, conta a profissional. “Empreendi, me divorciei, trabalhei com o terceiro setor e a crise me pegou o ano passado. Desempregada, não me assustei. Arregacei as mangas e agora tenho essa oportunidade de me reinventar”.
O processo de recolocação para estagiária 50+ foi conduzido pela Maturi. Foram 260 inscritos, dos quais 122 passaram para a próxima triagem, onde foram realizados testes como Excel intermediário – um dos requisitos exigidos para a vaga, de lógica, vídeo e redação. Para o cliente, foram encaminhados sete candidatos.
A fim de garantir a diversidade e impedir vieses inconscientes, a etapa final foi feita às cegas. A entrevista dos gestores foi realizada de forma remota, com a câmera fechada.
Desta forma, passam por análise apenas as habilidades, competências, experiências e formações, ocultando a identificação de universidades, idade, fotografia dos candidatos, nome (gênero), localização, e todos as informações que possam trazer algum tipo de preconceito na momento de leitura dos perfis, e consequentemente, na escolha do(a) candidato(a).
“Foi um processo seletivo riquíssimo, mais uma vez com perfis muito qualificados e o mais interessante. Como recrutadora, posso garantir que não observo gênero (a não ser que seja exclusivo) e a idade confiro se é acima de 50 mesmo.”, comenta Fabi Granzotti , consultora de Recrutamento e Seleção da Maturi. “Geralmente quem se atém a determinados detalhes são as empresas, que buscam por padrões já estabelecidos, por exemplo: formados em tal universidade, com tantos anos de vida, raça, e muitas vezes, até localização de onde a pessoa mora, a exemplo de periferias, tornando o processo menos diverso e excludente.“
No caso de Ana, possui uma carreira sólida nas áreas de gestão financeira, administração e contratação de pessoas e muitos cursos de atualização no currículo, mas ainda lhe falta uma graduação.
O contrato terá a duração de dois anos e vai possibilitar a realização do sonho de se formar. “O que a gente não fez, se aprende na prática. Tinha iniciado a faculdade lá atrás e parei para cuidar da família. Agora é minha chance”, afirma. “Se por acaso o processo tivesse sido de outra forma, talvez não teria sido escolhido por não ter diploma de ensino superior”.
Quando jovem, estudou no magistério e lecionou por 15 anos nas séries iniciais, principalmente com alfabetização.
Filha de professores, dar aula era uma vocação natural. Só que depois de tanto tempo à frente do quadro negro, começou a se sentir inquieta e incomodada com a rotina.
Com um boa situação financeira na época, mudou-se para uma condomínio fechado vizinho a capital paulista.
Lá, surgiu a oportunidade de cuidar da loja de conveniência local. Empreendeu por oito anos, trabalhando de domingo a domingo. “Aprendi tudo na raça, não tinha ideia de como cuidar de um negócio, de pessoas, estoque”, relembra. “Fui autodidata e tive que me virar nos 30”.
Com o divórcio, deixou para trás a casa e o trabalho, voltou para São Paulo e se instalou na casa da mãe que estava doente e precisava de uma atenção maior.
Em 2009, se empregou como secretária na FAAP – Fundação Álvares Penteado, migrou para a área de marketing onde ficou por 6 anos. Chegou a iniciar o curso de Relações Públicas, mas foi demitida e perdeu a bolsa de estudos.
Teve duas passagens curtas em escritórios até ser contratada pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade – RAPS, uma ONG na qual se tornou coordenadora geral. Com a crise sanitária que atingiu diretamente o terceiro setor, foi dispensada em novembro do ano passado.
Durante sua gestão, em um jantar de networking, conheceu a Maturi e se lembrou de inscrever seu CV assim que se deu conta que poderia entrar em um processo de depressão. Na primeira tentativa, se candidatou para o programa Credicard 50+ e não seguiu no processo. Agora, chegou a sua vez.
“Estou super animada. Me encontrei de novo com aquele frio na barriga e com muita vontade de aprender, isso vale muito.”, relata a estagiária 50+. “O setor de RH é o coração de uma empresa pois por trás de cada atividade tem um ser humano”. Desta vez, garante que não vai largar a faculdade de gestão de RH que começou em fevereiro no Senac.
No setor de beleza, é um vantagem competitiva ter na equipe mulheres maduras na equipe. Elas já representam 13,7% da população, ultrapassando os 29 milhões de pessoas – o equivalente a quase três vezes a população de Portugal, ganham mais do que a média da população e gastam mais com elas mesmas.
Segundo a pesquisa “Wellness & Beleza Prateada”, 83% acham a beleza importante; 80% consomem cosméticos; e 90% não se sentem representadas na comunicação das marcas de cosméticos.
“A Maturi nasceu com o propósito de transformar a longevidade no mercado de trabalho brasileiro e fazer parte de projetos como esse da Sephora mostra que estamos no caminho certo. O processo de estagiária 50+ foi rápido e assertivo, além de termos feito às cegas para garantir a diversidade sob todos os aspectos confirma nossas crenças”, relata Andrea Tenuta, head comercial da empresa.
E Ana completa: “Nós, maturis, precisamos só de saúde e de uma oportunidade. O resto, a gente mata no peito.”