Como nos preparar para trabalhos que ainda não existem?

Walter Alves • 21 de novembro de 2018

É difícil ensinar competências quando não está claro como serão empregadas, mas nós já fizemos isto antes. Aqui está, o que precisamos fazer novamente.


Pense em explicar a alguém, há 25 anos, o que um gerente de mídia social, um funcionário de serviço de compartilhamento de carona ou um operador de drone fazem no dia a dia. A tecnologia combinada com as demandas da população, a escassez de recursos, a urbanização e outros fatores criaram uma série de novos empregos e mudaram radicalmente outros.


Obter uma contagem precisa desses novos trabalhos é complicado. Como memes errados e lendas urbanas, as estatísticas sombrias ganham vida própria.


Um desses números é que 65% das crianças que entraram na escola primária em 2018 acabarão por trabalhar em empregos que ainda não existem e preparar estes alunos é a mesma questão que mobiliza CEOs de como preparar seus funcionários. De acordo com a previsão de contratação feita neste ano pela CareerBuilder, 45% dos gerentes de recursos humanos dizem que não ocuparam vagas abertas porque não conseguem encontrar pessoas qualificadas.


Independentemente de se ter ao certo se a “lacuna de competências” se deve a candidatos despreparados ou a fatores criados pelo empregador, ainda existe um grande desafio: o que devemos fazer agora para desenvolver nos alunos as habilidades que eles precisarão no futuro?


Repensar os fundamentos


Embora possa parecer urgente, isso “não é de forma alguma uma questão nova”, diz Ansley Erickson, professora associada de história e educação da Universidade de Columbia, em Nova York. “É apenas uma das várias perguntas feitas nos últimos 100 anos sobre a relação entre a educação e trabalho”, segundo ela.


Talvez, o fator mais determinante seja a tecnologia, especialmente a automação e a inteligência artificial, diz Jeanne Meister, fundadora da consultoria de RH Future Workplace e autora de The Future Workplace Experience: 10 regras para dominar a ruptura no recrutamento e engajamento de funcionários. “É preciso ter certeza de que eles entendem de automação e inteligência artificial e qual será o impacto destas duas questões”, diz ela.


Mas uma pesquisa divulgada em fevereiro de 2018 pelo The Workforce Institute da Kronos revelou que três entre cinco organizações internacionais (58%) ainda precisam discutir com seus funcionários o impacto potencial da IA ​​na força de trabalho.


E enquanto o ritmo da mudança é “de tirar o fôlego”, as soluções não são tão simples como apenas focar na tecnologia, diz Farnam Jahanian, presidente da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh. “Precisamos dar um passo para trás e abordar os desafios educacionais de forma mais holística, incluindo as questões de acesso e acessibilidade, bem como prontidão para atender às necessidades de um futuro em constante evolução”, diz ele.


“Antigamente, quando você ia para a faculdade, era treinado em uma área funcional onde permanecia na maior parte de sua carreira.


Era uma raia de natação corporativa, e sabíamos quais as informações a lhe dar”, diz Philip Powell, diretor adjunto de programas acadêmicos da Kelley School of Business, da Universidade de Indiana, em Indianápolis. “A mudança de paradigma está longe do conhecimento funcional para a capacidade de ser fluido em seu conjunto de habilidades e em seu conhecimento. É imperativo que as universidades ensinem os alunos a ensinar a si mesmos”.


Misturar aprendizado e experiência


Preparar adequadamente os jovens para esse ambiente de carreira em evolução exigirá algumas mudanças. Jahanian diz que o ensino norte-americano do jardim de infância até a 12ª série (K-12) precisa melhorar na preparação do aluno em computação e outras disciplinas científicas, como matemática e competência digital.


Os educadores precisam enfatizar as competências sociais como comunicação, pensamento crítico, tomada de decisão, bem como usar a tecnologia para melhorar o aprendizado. E a natureza “transacional” da educação precisa dar lugar a uma atitude de aprendizagem ao longo da vida. Parcerias público-privadas e políticas educacionais estaduais e federais devem ser criadas para apoiar essas mudanças, diz ele.


Isabelle Bajeux-Besnainou, reitora da Desautels Faculty of Management da McGill University em Montreal, diz que é mais importante focar na aprendizagem experimental apoiada pela educação interdisciplinar em sala de aula do que em competências específicas. “Não podemos desenvolver competências que ainda não sabemos existir”, diz ela. “Precisamos de uma estratégia diferente e nos certificarmos que alunas e alunos estejam se tornando aprendizes por toda a vida”, diz ela.


Um estudo de janeiro de 2018 publicado no Journal of Innovation and Knowledge descobriu que o aprendizado experimental reforça os conceitos teóricos e leva a um desempenho superior.


A McGill lançou alguns programas que se concentram na aprendizagem experimental específica, ao mesmo tempo que incorporam cursos multidisciplinares. A nova Escola Bensadoun de Administração de Varejo foca no futuro do varejo. Tem um laboratório experimental onde os alunos poderão trabalhar com tecnologia de ponta e simulações do mundo real.


Em outro programa, estudantes de graduação e mestrado em Finanças gerenciam uma empresa de investimento com dinheiro doado por ex-alunos da McGill. Bajeux-Besnainou diz que a diversificada população estudantil da McGill também oferece aos alunos exposição valiosa a uma variedade de culturas que os ajudam a atuar de forma mais eficaz numa economia globalizada.


Pensar diferente


A Universidade de Indiana está mudando seu modelo de orientação de carreira. Na Kelley School of Business, os estágios de graduação foram substituídos por projetos de consultoria. Alunas e alunos trabalham como parte de uma equipe para resolver problemas específicos ou em projetos definidos.


Com isso, podem desenvolver uma variedade de competências, tanto aquelas relacionadas ao trabalho específico e “adjacentes”, como as voltadas à tecnologia; a linha entre a sala de aula e o local de trabalho é tênue, diz Powell. “Estamos levando a sala de aula para mais perto das empresas”, diz ele. “Esse tipo de ambiente também os leva à imersão nos desafios e situações específicas que as empresas enfrentam e lhes dá uma visão de como seus trabalhos podem ser estruturados e como eles podem evoluir”, conclui.


Meister diz que relações mais próximas entre empregadores e educadores são necessárias para adaptar os currículos às necessidades do trabalho.


No entanto, os líderes da educação enfatizam a importância da educação interdisciplinar para formar nos alunos a capacidade de aprender as competências variadas e a possibilidade de se adaptarem à medida que surgem novas demandas.


Erickson também vê uma oportunidade para esse pensamento focado no futuro resolver problemas maiores, incluindo as desigualdades no local de trabalho. “Às vezes, a inovação contribui para a desigualdade. Devemos pensar em todos os aspectos da melhoria da educação – incluindo seu papel na preparação dos estudantes como cidadãos”.


“Que tipo de instrução prepara o aluno, por exemplo, para discussões sobre o que é um salário digno? O que são práticas justas num emprego? Como a educação e o emprego operam numa sociedade desigual? Eu acho que essas questões são tão cruciais quanto perguntas sobre que tipo de treinamento técnico as escolas podem oferecer”, diz ela. “Ambas relacionam educação e trabalho. Mas estamos muito mais confortáveis ​​falando sobre as que são competências técnicas do que essas mais amplas”.

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