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O ano de 2020 marca a era dos velhos jovens, como os japoneses chamam pessoas com idades entre 65 e 75 anos.
A idade comum de aposentadoria é de 65 anos, idade completada em 2020 para as pessoas nascidas em 1955, na metade do baby boom, período de alta fertilidade nos países ricos após a segunda guerra mundial, de 1946-1964.
Portanto, seria esperado um pico de aposentadoria para os baby boomers nos próximos anos. No entanto, não é o que está acontecendo. Os boomers continuam a trabalhar e mantem-se socialmente engajados acreditando que mudarão o mundo, como fizeram várias vezes antes em diferentes estágios de suas vidas.
Hoje, os velhos jovens são mais numerosos, mais saudáveis e mais ricos do que os idosos das gerações anteriores.
Em 2020, serão 134 milhões de pessoas entre 65 e 74 anos nos países ricos (11% da população), acima dos 99 milhões (8%) de 2000 – a maior taxa de crescimento dentre todas as faixas etárias. A saúde piora com a idade, mas com o desenvolvimento da medicina e da indústria farmacêutica houve um ganho de 3,7 anos na expectativa de vida nos países ricos entre 2000 e 2015, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), deste total 3,2 anos foram desfrutados com boa saúde.
Os velhos jovens também estão mais ocupados. Em 2016 nos países ricos, pouco mais de um quinto das pessoas, entre 65 a 69 anos, trabalhava – número que sobe rapidamente. O trabalho é um dos fatores que ajudam as pessoas a permanecerem saudáveis.
Um estudo alemão concluiu que aquelas que permanecem no trabalho após a idade de aposentadoria conseguem retardar o declínio cognitivo (associado ao avanço da idade) e têm a capacidade cognitiva de alguém um ano e meio mais jovem.
Em suma, os velhos jovens não são apenas um grupo de idosos. Eles estão desafiando os estereótipos de pessoas que usam chinelos nos seus aposentos e cuidam dos netos. Isso muda, também, o conceito sobre estes idosos como consumidores de serviços e produtos.
Os acima de 60 anos são um dos grupos de clientes que mais crescem no setor de companhias aéreas. Os velhos jovens são vitais para a indústria do turismo porque gastam muito mais do que os mais jovens quando tiram férias no exterior.
Eles também estão mudando o setor educacional. Harvard tem mais estudantes em sua Divisão de Educação Continuada (para estudantes maduros e aposentados) do que na própria universidade.
Muitos gestores de RH acreditam que a produtividade diminui com a idade, mas estudos em montadoras de caminhões e no setor de seguros na Alemanha sugerem que os trabalhadores mais velhos têm produtividade acima da média – e que equipes de trabalhadores com várias gerações são as mais produtivas.
Os governos devem ficar mais atentos, nesta situação os gastos públicos em saúde e pensões são inferiores ao projetado, pois as pessoas trabalham mais e precisam de menos cuidados médicos.
Para que tudo isso aconteça, três grandes coisas terão que mudar. Em primeiro lugar e mais importante são as atitudes da sociedade em relação às pessoas idosas e, em particular, sobre a expectativa de que aos 60 e poucos anos as pessoas devam aposentar-se saindo do mercado de trabalho.
Muitas empresas discriminam os trabalhadores mais velhos, oferecendo treinamento apenas aos mais jovens ou limitando-os aos empregos de meio período, e isto precisa mudar. A era dos velhos jovens exigirá que as empresas se tornem mais amigáveis com o idoso e, nesse processo, ajudem a mudar atitudes em relação ao envelhecimento.
Em segundo, as políticas dos governos também terão que mudar. A idade da aposentadoria em muitos países ricos ainda está abaixo da idade que muitas pessoas querem parar de trabalhar. As políticas públicas tornam a aposentadoria uma beira de precipício, quando deveria ser o começo de uma rampa.
E em terceiro, um número maior de pessoas saudáveis exigirá mudanças drásticas nos gastos com saúde. A maioria das doenças do envelhecimento é melhor atendida com mudanças na prevenção e no estilo de vida.
Porém, apenas de 2-3% dos gastos com saúde, na maioria dos países, são destinados à prevenção. Isso terá que aumentar, porque, na próxima década, a de 2030, os jovens velhos atingirão 75 anos e entrarão num longo período de declínio na saúde para o qual poucos países – mesmo os ricos – estão preparados.