Curiosidade, substantivo feminino

Contato Maturi • 20 de março de 2024

Ser mulher, para mim, é ter muita curiosidade sobre o que é ser homem. Eu sei o que

é ter privilégios em um país tão desigual, sei o que é ser branca, ser pessoa sem

deficiência e ter intactas as faculdades mentais. O único fator social privilegiado que

não conheço é o de ser homem. Só me cabe imaginar.

Imaginar o que é ter segurança ao sair de casa sem camisa, de short apertado sem

medo da sombra, sem ficar olhando 360 graus para antecipar algum perigo à

distância, não ser atacada por olhares invasivos. Como é que deve ser passar por um

grupo de homens desconhecidos, juntos numa esquina, e não ter certeza que vão

olhar para sua bunda? Como deve ser se juntar com amigos numa esquina à tarde e

olhar ostensivamente para bundas que passam?

Eu não sei como é sair de casa de dia, em um lugar tranquilo, com a plena segurança

de que consegue se defender? Como deve ser nem ter essa preocupação diária. Ir

para o trabalho sabendo que pode alcançar cargos de diretor, presidente, gerente,

sem se preocupar com barreiras invisíveis e, por isso, intransponíveis.

Como deve ser passar a juventude sem medo de engravidar? Não ter qualquer outro

plano submetido à maternidade. Não ter ansiedade sobre a dor do parto, algo

equivalente à sensação de 20 ossos quebrados todos de uma só vez? Não correr o

risco de ter a vida e o corpo implacavelmente alterados por, no mínimo, um ano,

independentemente de sua vontade. Algo que pode acontecer apenas porque a

natureza quer e deve-se estar alerta aos seus desígnios, sem arbítrio sobre o corpo, a

não ser que cometa um crime. Eu não quero dar a entender que a maternidade é ruim,

eu adoro ser mãe e há mulheres tristes por não poderem ser. É que eu fico curiosa

para saber o que é nem ter esse tipo de preocupação na vida, mensalmente. E

esperar feliz a menstruação, algumas vezes acompanhada de dores equivalentes a

um infarto. No caso, a hemorragia é externa e junta-se a ela a aflição com calças

brancas, estoque de absorventes, datas de viagens à praia e atenção redobrada para

não matar algum ser vivo. Fora agir de maneira a ninguém notar que isso tudo está

acontecendo.

O desejo não acaba com a idade, assim como a curiosidade. Será que a um homem

acontece de, em quase toda interação com uma mulher desconhecida, avaliar se está

ou não propondo intimidade por atos, palavras ou sinais? Vou dar um exemplo: será

que um homem vai fazer as unhas e fica preocupado se a calça está apertada e a

podóloga vai se sentir convidada a apalpar seu pênis? Será que um grupo de homens

em viagem de carro, que precisem parar à noite em um posto de gasolina suspeito,

depois de segurar por quilômetros o xixi, ficam com medo do frentista agarrá-los à

força? É esse tipo de coisa que eu queria muito saber.

Você pode dizer que, a essa altura da minha vida, eu já sei boa parte do que pergunto.

Sim, mulheres da minha idade são objetos de pouca atenção, e a mesma natureza

esfrega na nossa cara a indiferença. E é por esse motivo que nem posso saborear o

entendimento, já que lido com toda a transformação de uma segunda adolescência.

Ao contrário. O turbilhão hormonal acontece de novo, com alterações involuntárias

desgastantes, no sentido exato da palavra. Ossos, articulações, cabelos, pele

desgastados. Como deve ser a andropausa? Será que ela obriga o homem a se

equilibrar entre a tristeza no olhar que vê no espelho e a desonrosa saudade do olhar

de desejo dos outros?

Não quero diminuir a tensão que envolve o papel dos homens na dança do

acasalamento humano; mas será que esse jogo acaba para o homem do mesmo jeito

que para a mulher? Porque para nós, antes do fim, o capitão do time te coloca no


banco do nada. E você passa de artilheira para gandula, depois de cansar de ficar

esperando alguém lhe dar bola. É muito melhor quando são eles que não dão mais

conta de jogar e param, não antes de realizar uma última partida festiva com amigos

convidados e mulheres na arquibancada, que ainda vão dizer que estão todos bem de

cabelo branco.

Toda esta minha curiosidade sem fim (diferente deste texto) fica, obviamente, dentro

de uma limitação cisgênero e geracional. Pode ser que as jovens de agora não

tenham nenhuma dessas perguntas, mas duvido que não tenham outras. E imagino

que a mulher atual, com todas as suas manifestações e bandeiras, tenha ainda assim

aguçada uma característica que, independentemente de ser um substantivo feminino,

une os gêneros. Se existe algo realmente igualitário é a curiosidade.

Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

11 de fevereiro de 2025
Há cinco anos, comecei a perceber um movimento crescente nas redes sociais: um número expressivo de influenciadores maduros estava se destacando, conquistando audiências engajadas e criando conteúdos autênticos. No entanto, o mercado publicitário ainda os ignorava, concentrando suas atenções quase exclusivamente nos perfis mais jovens. O reconhecimento desse potencial veio de forma natural, através de conversas com esses criadores. Muitos me procuravam dizendo: "Tenho um perfil no Facebook com 200.000 seguidores e quero me expandir nisso. O que devo fazer?" . Ficou evidente para mim que havia um enorme espaço para esses talentos, mas faltava suporte, visibilidade e oportunidades. Foi então que criei o Silver Makers , um hub de marketing de influência totalmente focado em perfis 50+. Nosso propósito sempre foi claro: dar protagonismo aos influenciadores maduros e mostrar ao mercado o imenso valor desse público. Nosso lema reflete essa missão: dar voz, vez e valor ao público sênior! De lá para cá, houve uma verdadeira revolução digital impulsionada por essa nova geração de influenciadores. Com autenticidade, experiência de vida e um olhar único sobre o mundo, eles estão conquistando espaço, quebrando estereótipos e provando que longevidade e tecnologia caminham juntas. A Força dos Influenciadores Maduros no Digital Muito além do entretenimento, as redes sociais se tornaram uma ferramenta essencial para a longevidade ativa. Elas ajudam a combater a solidão, fortalecem a autoestima e possibilitam a construção de novos propósitos. Para muitos, ser influenciador não é apenas um hobby, mas uma profissão que permite compartilhar conhecimento, histórias inspiradoras e ainda gerar renda extra. Com o aumento da expectativa de vida e os desafios financeiros que acompanham a maturidade, a monetização digital se apresenta como uma alternativa viável e necessária. Plataformas como Instagram, YouTube e TikTok permitem que influenciadores maduros criem comunidades engajadas e colaborem com marcas que reconhecem o valor de suas trajetórias. O Que Faz um Influenciador Maduro se Destacar? Os influenciadores 50+ trazem consigo algo inestimável: experiência de vida. Eles passaram por desafios pessoais e profissionais, acompanharam diversas transformações sociais e culturais e, por isso, têm muito a compartilhar. Esse repertório torna seus conteúdos autênticos e valiosos para diversas audiências, desde outros maduros em busca de representatividade até jovens que enxergam neles mentores naturais. Tendências de Conteúdos que Performam Bem Os influenciadores maduros estão se destacando em diversos segmentos, trazendo autenticidade, representatividade e quebrando estereótipos. Alguns formatos de conteúdo que têm grande engajamento incluem: ● Bem-estar e saúde: Rotinas saudáveis, alimentação equilibrada, exercícios físicos adaptados e cuidados com a mente. ● Finanças na maturidade: Estratégias para administrar recursos, organizar a aposentadoria e buscar novas fontes de renda. ● Empreendedorismo e reinvenção profissional: Histórias inspiradoras de quem mudou de carreira ou começou um novo projeto depois dos 50. ● Entretenimento e estilo de vida: Viagens, moda, comportamento e cotidiano, mostrando que a maturidade é uma fase vibrante e cheia de possibilidades. ● Tecnologia e inclusão digital: Criadores que desmistificam a tecnologia, ajudando a reduzir a exclusão digital e incentivando o aprendizado contínuo. ● Celebridades 50+ e o combate ao etarismo: Figuras públicas que usam suas redes sociais para desafiar estereótipos e mostrar uma longevidade ativa e atuante. ● Mulheres e os desafios da maturidade: Cada vez mais influenciadoras falam abertamente sobre temas como menopausa, ajudando sua audiência a lidar melhor com questões antes consideradas tabu. ● Gastronomia afetiva: Perfis de talentos culinários que ensinam receitas deliciosas e resgatam a memória afetiva por meio da comida. ● Conexão intergeracional: Netos que compartilham momentos divertidos com seus avós, valorizando a experiência e a sabedoria da longevidade. Independentemente do nicho, todos esses criadores têm algo em comum: valorizam a maturidade e combatem a visão ultrapassada de uma longevidade frágil e limitada. Eles mostram, na prática, que viver mais também significa viver melhor, com propósito e protagonismo. O Papel das Marcas na Valorização da Experiência As marcas que reconhecem o valor da experiência colhem os frutos de uma comunicação mais autêntica e conectada com um público que tem muito a dizer. O Banco Mercantil tem sido um dos protagonistas desse movimento, investindo no potencial dos influenciadores digitais 50+, apoiando criadores e descobrindo novos talentos. A presença do Banco nesse cenário reforça a relevância desse público e valoriza o protagonismo dos maduros no digital. Porque, assim como eles, o Banco acredita que a experiência inspira, transforma e gera impacto real. Gostou? Leia também: 4 projetos para o público 50+ apoiados pelo Banco Mercantil! ________________________________________ Clea Klouri Sócia do Hype 60+ e fundadora do Silver Makers
3 de dezembro de 2024
Quando começar a se planejar para aposentadoria? Quanto mais cedo você começar a planejar a sua aposentadoria, maiores serão as chances de alcançar seus objetivos financeiros. Mesmo para quem está próximo da aposentadoria, nunca é tarde para começar a planejar e tomar medidas para melhorar sua situação financeira futura. Qual sua aposentadoria ideal? O primeiro passo é visualizar como você gostaria que fosse sua aposentadoria. Pense em questões como: ● Onde você gostaria de morar? ● Que tipo de atividades gostaria de realizar? ● Quais são seus sonhos e aspirações para essa fase da vida? Essa reflexão ajudará a determinar o montante financeiro necessário para sustentar o estilo de vida desejado. E a partir dela, você conseguirá seguir os próximos passos! Calcule suas necessidades financeiras futuras Com base em sua visão de aposentadoria, é importante fazer uma estimativa realista de suas necessidades financeiras futuras. Considere fatores como: ● custos de moradia; ● alimentação; ● saúde; ● lazer; ● possíveis imprevistos. Lembre-se de levar em conta a inflação ao fazer esses cálculos. Estabeleça metas concretas e mensuráveis Por exemplo, em vez de simplesmente dizer "quero ter uma aposentadoria confortável", estabeleça uma meta como "preciso acumular R$ X até os 65 anos para ter uma renda mensal de R$ Y durante a aposentadoria". Metas específicas são mais fáceis de acompanhar e alcançar. Crie um cronograma realista Desenvolva um cronograma realista para atingir suas metas. Divida seus objetivos em etapas menores e estabeleça prazos para cada uma delas. Isso tornará o processo menos intimidante e permitirá que você acompanhe seu progresso de forma mais eficaz. Revise e ajuste suas metas periodicamente Lembre-se de que o planejamento financeiro para a aposentadoria é um processo dinâmico. À medida que sua vida muda, suas metas também podem precisar de ajustes. Faça revisões periódicas de seus objetivos e ajuste-os conforme necessário para garantir que permaneçam relevantes e alcançáveis. Melhores investimentos para a aposentadoria Existem diversas estratégias e opções de investimento disponíveis, e é importante escolher aquelas que melhor se adequam ao seu perfil e objetivos. Confira algumas dicas: Diversificação: a chave para reduzir riscos Uma das regras de ouro do investimento é a diversificação. Distribuir seus recursos em diferentes tipos de ativos ajuda a reduzir riscos e aumenta as chances de obter retornos consistentes ao longo do tempo. Investimentos de renda fixa Opções de renda fixa oferecem segurança e previsibilidade de retorno, como: ● Títulos do Tesouro Direto ; ● CDBs ; ● LCIs/LCAs. Esses investimentos são especialmente importantes para quem está próximo da aposentadoria ou tem baixa tolerância ao risco. Investimentos em renda variável Ações, fundos de investimento e ETFs têm potencial de retornos mais elevados, embora tenham maior volatilidade. Para quem está longe da aposentadoria, alocar uma parte do dinheiro em renda variável é uma estratégia para buscar crescimento de longo prazo. Previdência privada: PGBL e VGBL Os planos de previdência privada , como PGBL e VGBL, são opções para complementar a aposentadoria. Eles oferecem benefícios fiscais e podem ser uma forma disciplinada de poupar para o futuro. Investimentos imobiliários Investir em imóveis pode ser uma forma de gerar renda passiva para a aposentadoria. Isso pode incluir a compra de imóveis para aluguel ou investimentos em fundos imobiliários. No entanto, é importante considerar os custos e responsabilidades associados a esse tipo de investimento. Por que se preparar? Ao seu aposentar, é esperado que sua renda tenha alterações. Mesmo se aposentando com o teto máximo do INSS, existe a chance de seu benefício ser menor do que você ganhava na ativa. Lembre-se: com um bom planejamento financeiro, você estará preparado para aproveitar ao máximo essa etapa, livre de preocupações financeiras e pronto para realizar seus sonhos e aspirações. Gostou das dicas? Conheça o Blog do Mercantil e acompanhe mais conteúdos sobre finanças na aposentadoria!
Por Contato Maturi 4 de setembro de 2024
Banco Mercantil e MaturiFest 2024: confira como foi o evento!
Share by: