Redescobrindo o Propósito: O Caminho de Uma Escritora

27 de fevereiro de 2024

Entre escolhas e redescobertas, a jornada de transformação da vida pela escrita aos 55

Sobre meu primeiro livro

Branca Boson


A busca pelo que me faz feliz é anterior ao empacotamento para venda do “ame o que você faz”, que hoje se tornou até mesmo um pouco opressor. A minha mãe gosta de contar que eu, muito pequena, fiz a ela uma pergunta filosófica após um pito por causa do para casa: era mesmo necessário sofrer para aprender? Sou uma hedonista por nascimento.


Daí, virei uma adulta adulterada, fase em que ou fazemos tudo o que é necessário para alcançar o desejo de infância, ou nem tentamos e remoemos a frustração com amigos, em um bar, em meio a copos de bebida. Eu entrei nessa furada de me sentir marcada pela desilusão e fui me formar no que não desejava, trabalhar onde não queria, uma verdadeira rebelde sem causa. E, pior, sem amigos e sem beber.

Um belo dia resolvi mudar, e fazer tudo o que eu queria fazer. Saí por aí desembestada vivendo, correndo atrás do tempo perdido, errando muito (no sentido geográfico da palavra). Descobrindo coisas sobre aquela criança discípula de Epicuro, reencontrando a adulta perdidona para pegar nos seus ombros e dizer: amiga, para de bater cabeça e vai fazer o que você já nasceu sabendo.


Eu li sozinha aos 4 anos e, antes que mães jovens orgulhosas digam “meu filhinho também”, esclareço que sou do tempo em que só se ia para escola aos 7 anos, não havia streamings com 200 shows infantis e o único programa para crianças na tevê de tubo era o maravilhoso Vila Sésamo. Eu estou querendo dizer que já nasci sabendo que as palavras são magia pura. Mas como também nasci teimosa, demorou um pouco para parar mesmo de bater minha cabeça. Fiz cursos de escrita criativa e guardei meus textos com orgulhoso pudor. Até que alguém me propôs publicar textos meus, o que me deu uma sensação de “até que enfim vieram me salvar”. O alerta assim-não-dá-certo só percebi quando entendi que não seriam publicados da maneira que eu, com a autoestima já ensaiando chegar no lugar, merecia, e chorei por ter caído, de novo, nesse golpe que todo inseguro cai. No meio do choro, uma voz, que não era interior, mas de uma amiga com as mãos nos meus ombros, um pouco mais irritada já que estava me chacoalhando, gritou: “vai publicar o seu próprio livro, criatura! ”.


Naquela verdadeira máxima que diz que até um chute na bunda te faz andar para frente, peguei meus intimidados contos, juntei, e mandei para uma editora indicada por outra amiga indignada com a minha vergonha de estimação. E no dia 21 de fevereiro deste ano, meus textos se transformaram em um belo livro de contos apresentado a quem quiser ver. E belo de verdade, pois em um encontro desses que fazem a gente acreditar em deuses e protetores, fui presenteada com ilustrações maravilhosas, feitas na manipulação de inteligência artificial, por uma designer e estilista para lá de talentosa. Fala sério. Como se eu não amasse tecnologia como amo.


Eu sei que pode parecer mais uma história como aquelas “eu tenho uma amiga que achou o amor da vida num aplicativo de namoro” ou letra de música da Xuxa, mas eu juro que não é. Vida realmente acontece desse jeito. Quando a gente caminha em uma direção qualquer, mas que seja de nossa escolha, o chão vai aparecendo, as pessoas vão aparecendo. E todo mundo sabe disso. O que fazemos é admitir que é assim só quando dá certo e não admitir que tudo de errado antes também foi nossa escolha. Aí que está a pegadinha.


Agora, eu vou falar de outra coisa fundamental nesse processo todo. A maturidade. O que torna ainda mais ridículo qualquer preconceito quanto ao envelhecer, porque esse tipo de coisa só acontece depois de um tanto de caminho percorrido e por causa do caminho. Que sentido faria você juntar toda a vivência e não fazer nada com ela? Eu contei meu processo e preciso dar o devido crédito ao fato de que eu tenho 55 anos! É necessário chegar nesse ponto da vida para enxergar a criança lá atrás e ouvir dela o que interessa. Antes, talvez, estamos tão interessados em nos distanciar dela, para provar que não precisamos mais da tutoria dos pais, que esquecemos a sabedoria que vem no pacotinho, junto com cocô, leite regurgitado, lágrimas e sorrisinhos desdentados. Está ali, por mais inesperado que pareça, nos passos inseguros, na incapacidade de cozinhar a própria comida, na incontrolável vontade de brincar, o que tanto procuramos: autoconhecimento e a inabalável torcida por nós mesmos. Ao virarmos pessoas capazes de se endividar sozinhas, não notamos a troca feita por toda a sabedoria daquela criança.


Espero que já tenham entendido que não estou falando de um hobby, de algo só possível na aposentadoria, nada disso. Estou falando de, finalmente, encontrar o meu propósito. Vai lá, querido amigo de fios brancos e rugas, conversar com essa criaturinha que ainda guarda, cuidadosamente, que nem eu guardei meus textos, as células-tronco da sua essência.

 

P.S.: Para quem quiser ler esse meu citado lindo livro, basta ir até o link da loja integrada da Crivo Editorial. É https://crivo-editorial.lojaintegrada.com.br/contos-da-lua-branca



Mestre em Gestão da Informação, com tese em Barreiras da Comunicação em marketing, pós-graduada em Gestão Estratégica em Marketing e Responsabilidade Social Empresarial, sou amante das ideias. Tenho grande experiência em comunicação, planejamento estratégico, gerenciamento de produtos e serviços e alguma experiência em docência. Curadoria de informações, conexão entre ideias e conceitos, caráter analítico, curiosidade e criatividade marcam meu perfil profissional. Flexibilidade cognitiva, paixão pelo futuro e amor incondicional pelo aprendizado complementam meu perfil.

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Leia também: 4 projetos para o público 50+ apoiados pelo Banco Mercantil! ________________________________________ Clea Klouri Sócia do Hype 60+ e fundadora do Silver Makers
3 de dezembro de 2024
Quando começar a se planejar para aposentadoria? Quanto mais cedo você começar a planejar a sua aposentadoria, maiores serão as chances de alcançar seus objetivos financeiros. Mesmo para quem está próximo da aposentadoria, nunca é tarde para começar a planejar e tomar medidas para melhorar sua situação financeira futura. Qual sua aposentadoria ideal? O primeiro passo é visualizar como você gostaria que fosse sua aposentadoria. Pense em questões como: ● Onde você gostaria de morar? ● Que tipo de atividades gostaria de realizar? ● Quais são seus sonhos e aspirações para essa fase da vida? Essa reflexão ajudará a determinar o montante financeiro necessário para sustentar o estilo de vida desejado. E a partir dela, você conseguirá seguir os próximos passos! Calcule suas necessidades financeiras futuras Com base em sua visão de aposentadoria, é importante fazer uma estimativa realista de suas necessidades financeiras futuras. Considere fatores como: ● custos de moradia; ● alimentação; ● saúde; ● lazer; ● possíveis imprevistos. Lembre-se de levar em conta a inflação ao fazer esses cálculos. Estabeleça metas concretas e mensuráveis Por exemplo, em vez de simplesmente dizer "quero ter uma aposentadoria confortável", estabeleça uma meta como "preciso acumular R$ X até os 65 anos para ter uma renda mensal de R$ Y durante a aposentadoria". Metas específicas são mais fáceis de acompanhar e alcançar. Crie um cronograma realista Desenvolva um cronograma realista para atingir suas metas. Divida seus objetivos em etapas menores e estabeleça prazos para cada uma delas. Isso tornará o processo menos intimidante e permitirá que você acompanhe seu progresso de forma mais eficaz. Revise e ajuste suas metas periodicamente Lembre-se de que o planejamento financeiro para a aposentadoria é um processo dinâmico. À medida que sua vida muda, suas metas também podem precisar de ajustes. Faça revisões periódicas de seus objetivos e ajuste-os conforme necessário para garantir que permaneçam relevantes e alcançáveis. Melhores investimentos para a aposentadoria Existem diversas estratégias e opções de investimento disponíveis, e é importante escolher aquelas que melhor se adequam ao seu perfil e objetivos. Confira algumas dicas: Diversificação: a chave para reduzir riscos Uma das regras de ouro do investimento é a diversificação. Distribuir seus recursos em diferentes tipos de ativos ajuda a reduzir riscos e aumenta as chances de obter retornos consistentes ao longo do tempo. Investimentos de renda fixa Opções de renda fixa oferecem segurança e previsibilidade de retorno, como: ● Títulos do Tesouro Direto ; ● CDBs ; ● LCIs/LCAs. Esses investimentos são especialmente importantes para quem está próximo da aposentadoria ou tem baixa tolerância ao risco. Investimentos em renda variável Ações, fundos de investimento e ETFs têm potencial de retornos mais elevados, embora tenham maior volatilidade. Para quem está longe da aposentadoria, alocar uma parte do dinheiro em renda variável é uma estratégia para buscar crescimento de longo prazo. Previdência privada: PGBL e VGBL Os planos de previdência privada , como PGBL e VGBL, são opções para complementar a aposentadoria. Eles oferecem benefícios fiscais e podem ser uma forma disciplinada de poupar para o futuro. Investimentos imobiliários Investir em imóveis pode ser uma forma de gerar renda passiva para a aposentadoria. Isso pode incluir a compra de imóveis para aluguel ou investimentos em fundos imobiliários. No entanto, é importante considerar os custos e responsabilidades associados a esse tipo de investimento. Por que se preparar? Ao seu aposentar, é esperado que sua renda tenha alterações. Mesmo se aposentando com o teto máximo do INSS, existe a chance de seu benefício ser menor do que você ganhava na ativa. Lembre-se: com um bom planejamento financeiro, você estará preparado para aproveitar ao máximo essa etapa, livre de preocupações financeiras e pronto para realizar seus sonhos e aspirações. Gostou das dicas? Conheça o Blog do Mercantil e acompanhe mais conteúdos sobre finanças na aposentadoria!
Por Contato Maturi 4 de setembro de 2024
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