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Chegou 6 de julho e com ele o MaturiFest 2020.
É a primeira vez que um evento deste porte é transmitido online, da mesma forma que é a primeira vez que a Maturi transmite um evento deste tamanho online. Fizemos muitas lives e, também, encontros de networking e assuntos diversos ligados a quarentena, o FalaMaturi, o que nos trouxe experiência, segurança e esperança de que tudo daria certo.
Não somos inocentes e sabemos que as expectativas dos participantes eram altas e o nosso desejo de atendê-las, junto com a ansiedade em ver o festival acontecer, provocava descargas de adrenalina e um estado em que o tempo diminui sua velocidade, parecido a um filme em câmera lenta.
O momento atual é delicado. A pandemia tem produzido pessoas inseguras com alto nível de aflição, medo e impaciência. Este estado se faz presente também nas relações de trabalho e a liderança, os responsáveis pelas respostas aos problemas organizacionais, públicos e de escala nacional se mostram tão, ou mais, perdidos que sua base.
Finalmente, a abertura. Mórris Litvak, sereno, apresenta o evento com informações sobre a programação nos 4 dias. Como um Líder Educador – criador de ambientes digital e virtual produtivos nestes tempos de isolamento físico -, agradece a toda equipe Maturi citando nominalmente as pessoas que contribuíram diretamente na realização do festival.
Na sequência, Alexandre Kalache (leia o artigo “os maturis tem um papel fundamental no pós crise com Kalache) que traz de primeira “Passei dos 70 anos e estou muito feliz. Envelhecer é bom, morrer é que não presta”.
Numa retrospectiva histórica, lembrou que vínhamos da Revolução da Longevidade – desde que ele nasceu até hoje, a expectativa de vida subiu de 43 para 77 anos -; que no século passado a sociedade mudou radicalmente – papel da mulher e urbanização crescente -; os países desenvolvidos enriqueceram para depois envelhecer, nós no Brasil, estamos envelhecendo na pobreza e com uma imensa desigualdade, além de enfrentarmos o preconceito etário que cria barreiras enormes para que os 50+ encontrem emprego, ou mesmo trabalho.
Enfim, somos “um País que tem um smartphone na mão e um pé no esgoto, porque 50% da população nem esgoto tem e 30 milhões não têm água”.
Com um consumismo desenfreado e a violência social com um dos piores índices do mundo, compõem o pano de fundo que contribuem para um futuro de insegurança e a perspectiva de uma velhice de abandono. Em 2050 a expectativa de vida será para mais de 80 anos e 30% da população será 60+.
“De repente, o coronavírus perverso, desconhecido, cuja biologia ninguém conhece direito”. Há mais de 30 dias, é acima de 1.000 pessoas a média diária de mortes pela pandemia. “Nossas mazelas, no entanto, não foram forjadas pela Covid-19. A pandemia apenas as está escancarando”.
Kalache pergunta para onde vamos e responde: haverá aumento da recessão, da pobreza, do fosso da desigualdade e o preconceito etário. Pagarão os maiores preços: os pobres e negros que vivem nas periferias e mulheres – as primeiras a ficarem desempregadas.
É neste contexto que nos encontramos. Muitas pessoas chegaram se perguntando o que fazer daqui pra frente. Algumas com expectativas para solução de problemas pessoais e para os que o mundo enfrenta.
Outras em busca de respostas precisas para si e para o resto da humanidade. Diria até que se algumas chegaram acreditando que ao fim de 4 dias teriam o modelo para o seu novo comportamento na carreira, outras vieram mesmo por curiosidade.
De todo modo vieram, e grande parte se dispôs a mergulhar em si mesmo, em suas ideias e dúvidas, mas, também, nas palavras e ideias de palestrantes, painelistas e mediadores.
Foi possível observar – pelos comentários e depoimentos voluntários – que o festival foi sucesso desde o primeiro. Um pouco pela acertada escolha dos temas, outro pouco pelos convidados a palestrar e discutir suas experiências e outro ainda pelo formato de transmissões públicas e gratuitas.
Um dos grandes objetivos da Maturi foi alcançado ao atingir àqueles e àquelas que se dispuseram a parar algumas horas nesta semana de 6 a 9 de julho e dar-se um tempo para refletir. Pensar sobre si mesma e si mesmo, além de se perguntar sobre trabalho, sobre o que é empreendedorismo e poder construir – ou pelo menos começar a elaborar – seu propósito de vida.
De todas as surpresas que tive durante o festival, a mais agradável, foi encontrar dezenas de pessoas, a princípio, desconhecidas nas salas de networking – provocando confusão mental pela miríade de rostos e tons de voz – e ao final dos 4 dias, reconhecê-las, cumprimentá-las pelo primeiro nome e tomá-las como exemplo de indivíduos empenhados na busca de si mesmos em direção a uma nova etapa de vida e carreira. Patrocinadas pela Nutren Sênior, com mentoria de Raquel Rodrigues e do time da Maturi.
No começo, pela grande quantidade de participantes, alguns não acreditaram que as interações seriam satisfatórias, mas ao colocar em contato gente que se busca com gente que já se encontrou há uma química incontrolável de produção de afetos com resultados inesperados.
Pude ver pessoas – provocadas pelo reconhecimento da existência do outro e pela possibilidade de se colocar neste novo lugar e tentar compreender este novo ponto de vista – dispostas a ouvir com os olhos pra depois, em contatos privados, agendarem encontros para aprofundamento mútuo de conhecimento, de autoconhecimento e de reconhecimento.
Com lembranças frescas que me emocionam e ainda com muito por compreender, acredito que a Maturi sai maior que entrou e isto traz ganhos, consequências e, espero, aprendizados. E o primeiro e mais importante aprendizado é que o que foi pensado, sentido e dito pelos palestrantes, mediadores, painelistas e participantes das salas de networking não é propriedade de alguém.
Pertencem ao Universo, fazem parte da história deste movimento que valoriza a longevidade, combate o preconceito etário nas suas mais diversas formas e luta para que as pessoa reconheçam-se como idosas ou idosos e orgulhem-se disso.