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Com o aumento da longevidade, o início dos debates sobre o preconceito etário, diversidade geracional nas empresas e após a reforma da previdência, além da necessidade de reinserção de profissionais mais velhos no mercado de trabalho, um novo fenômeno está surgindo nas organizações, e parece ser uma tendência: o estágio 50+; ou, como no filme estrelado por Robert de Niro.
Aliado a isso, há um crescente número de estudantes idosos em cursos de graduação e pós-graduação no Brasil, segundo o Censo de Educação Superior de 2017. O levantamento constatou no país quase 19 mil universitários com idades entre 60 e 64 anos. Na faixa etária acima dos 65, o número é de 7,8 mil pessoas. Os dados incluem instituições públicas e privadas.
De olho neste público, não é difícil encontrar universidades com descontos exclusivos – inclusive bolsas – para quem tem mais do que 50 ou 60 anos.
Mesmo depois da aposentadoria, muitos querem continuar trabalhando — seja por necessidade de complemento de renda ou para ter uma ocupação, sentindo-se útil.
Com o prolongamento da vida produtiva e as mudanças cada vez mais aceleradas no mundo do trabalho em função da tecnologia e automação, muitas profissões estão deixando de existir e novas profissões estão sendo criadas. Assim, teremos que nos reinventar profissionalmente diversas vezes ao longo da vida, e por isso a volta à sala de aula será muito comum na maturidade.
Apesar de ainda serem casos isolados, tenho percebido especialmente neste ano um volume cada vez maior de empresas interessadas em receber estudantes ou recém-formados com mais de 50 anos.
À medida que a diversidade etária entra na agenda de diversidade e inclusão das empresas, e o aumento da expectativa de vida aliado à queda na taxa de natalidade são cada vez mais um fato do que simplesmente tendência ou previsão de futuro, as organizações começam a entender que além de um viés social grande por trás da questão há, principalmente, um motivo estratégico para que esse tipo de programa se torne mais comum: consumidores cada vez mais maduros e as qualidades que os mais velhos trazem de forma complementar aos jovens no ambiente de trabalho, com distintas visões, grande experiência e alto grau de comprometimento.
No início de 2021 a Unilever contratou 5 estagiários 50+ em São Paulo e ficou surpresa com a enorme repercussão do programa, que teve parceria com a Maturi e recebeu milhares de candidaturas.
Recentemente, com atuação da plataforma MaturiJobs, Ana Paula Cardozo Geraldini foi escolhida em um processo de seleção às cegas para integrar o time de RH da Sephorá, rede mundial de lojas de cosméticos e está trabalhando como estagiária 50+.
O assunto, entretanto, pode ser polêmico. Segundo Fran Winandy, head hunter e especialista em etarismo, “muitas empresas parecem estar se aproveitando do fato de agora ser ‘politicamente correto’ contratar pessoas mais velhas como estagiárias e até aparecerem na mídia de graça por conta disso”. Segundo ela, “muitas vezes as organizações não possuem um programa de integração ou de diversidade e acreditam que a simples contratação de estagiários mais velhos já é suficiente.”
De fato, se não houver sensibilização, apoio da liderança, um debate franco sobre o tema e integração entre as gerações, esses programas de estágio 50+ podem ficar somente na boa intenção, ou pior, parecer uma jogada de marketing.
Felizmente, porém, temos visto empresas realmente comprometidas com a causa – e que também entendem o valor para o negócio, logicamente -, fazendo este tipo de trabalho de forma sustentável, com a participação de colaboradores de todos os níveis e ações que vão muito além do RH.